domingo, 22 de junho de 2008

Peru e bolívia

Acabei de voltar de uma viagem de 13 dias pela Bolívia e pelo Peru. Foi, indiscutivelmente, uma das maiores experiências da minha vida, tanto do ponto de vista turístico (Machupicchu é tudo isso e mais um pouco) como de desafios pessoais, como ter de vencer o próprio corpo para terminar a trilha de quatro dias. Mais pra frente, com calma, vou escrever um diário de bordo detalhado, contando tudo que vivenciei nos 13 dias de viagem. Mas, enquanto isso, vou dar as minhas primeiras impressões:

A altitude é de lascar. Você sente logo de cara. No aeroporto, em La Paz, teve gente que chegou tremendo. Eu sofri pra respirar, acordei a primeira noite inteira. No começo, fiquei arfando até pra calçar meia e tênis. Em Copacabana, na Bolívia, inventamos de jogar futebol com os locais. Os caras, incansáveis, correm o jogo inteiro. Nós agüentávamos, quando muito, 3 minutos. Nunca mais xingo a seleção brasileira quando perder da Bolívia em La Paz.

Ainda em relação à altitude: quem quiser dar um golpe do baú num milionário velhinho tem de escolher La Paz para a Lua de Mel e ficar hospedado no quinto andar de um hotel sem elevador. Depois é só pedir para ser carregada no colo pela escada e testar todas as posições do Kama Sutra. É tiro e queda.

Nunca mais reclamo do trânsito de Fortaleza. Parece o paraíso se comparado com o Peru e a Bolívia. Parece que os motoristas têm o dedo grudado na buzina, é bi bi fom fom o tempo todo, acho que se não tivesse de férias ficava doido. E isso não é só de dia não, à noite é a mesma coisa. E o povo dirige feito louco naqueles carros que nem velocímetro têm.

Nunca mais como ceviche. É gostoso, confesso, mais me deixou mal. Tive piriri dois dias da trilha. Tive de trancar tudo pra chegar ao final. Até hoje meu estômago e intestinos estão pagando o preço.

Por falar em comida, ver coelhos ou cuis (espécie de porquinho da índia local) serem servidos assados com cabeça, dentes, pés, unhas e o escambau mexeu um pouco com as meninas do grupo, que só não desistiram de comer porque tinha uma alma boa que, vendo os chiliques, se prontificou a decapitar e esquartejar os bichos.

A trilha inca de Salkantay é muito mais dura do que eu imaginava. Foram quatro dias de muito esforço e disposição para enfrentar subidas, descidas, lama, cachoeiras, pinguelas, bosta de tudo quanto é bicho de carga e etc. Mas o visual compensa tudo com sobra. O Monte Salkantay (foto) e Machupicchu são sensacionais, é impossível não enlouquecer vendo esses lugares. E não tem chuva, frio, granizo na cabeça e cansaço extremo que tire essa sensação.

O cajado é o melhor amigo do homem. Se não fosse ele, acho que dificilmente teria terminado a trilha. E também era divertido ver as meninas, todos os dias, procurando o lugar onde tinham deixado seus “paus”.

Quando seu guia disser “compre joelheiras, a descida do segundo dia é dose” escute e obedeça. Não faça como eu, que fiquei pensando: “pra que joelheira, fiz judô muitos anos, meu joelho é beleza”. Me ferrei em verde amarelo azul e branco. Meus joelhos só não doeram mais que as sete bolhas que arrumei no pé.

Quem me conhece sabe que pra me deixar mal humorado é só me largar uma hora no shopping ou 20 minutos na feira do Paraguai. Detesto sair para fazer compras. Mas tudo é tão barato na Bolívia e no Peru que nem eu resisti ao consumo. Pechinchei, pechinchei e sai de lá com dois pratos de parede, um tapete, um panorama, uma manta de sofá, dois tênis, quatro camisetas, dois casacos de alpaca para as crianças e 10 dedoches para o Pedro. Me senti uma Iara.

Aprendi uma lição pra vida toda: nunca deixar uma pessoa querida ir pra longe de você chateada, com rancores. Vai que acontece alguma coisa e você vai ficar se culpando o resto da vida. Vivi uma situação nessa viagem (da qual não gosto nem de lembrar) e desde então tenho pensado muito nisso.

Não podia ter melhor companhia nesses meus 13 dias de viagem. Conheci pessoas fantásticas, que fizeram ainda mais especial este meu sonho de conhecer Machupicchu.

Adoro comida quente e coca-cola e cerveja geladas. Isso, por aquelas bandas, é raro.

Por enquanto é isso. Mais pra frente vem o diário de bordo.